Capítulo 11 O Bhagavad Gita Subjetivo parte 2

       Do livro "Evolução Subjetiva da Consciência" de Srila B.R. Sridhara Maharaja



      Na sociedade, existe o papel do esposo legal, ou pati, existe o amante ou upapati. As gopis não consideram Krishna como seu esposo legalmente casado, mas como o mestre, como o Senhor de seus corações.
      Aqui Krishna diz: "Eu inspiro aqueles que constantemente se ocupam em serviço devocional a virem a Mim". Que tipo de devoto de Krishna inspira aqui? Aqueles que são ramanti, o grupo mais elevado de devotos, aqueles que se relacionam a Ele conjulgalmente, em plena rasa, mukhya rasa. Krishna diz aqui: "Eu os inspiro a vir a Mim, considerando-me como um amante, upapati". Krishna está dizendo, bhajatam pritipurvakam: isso significa prema, que geralemente se encontra em madhura-rasa, na relação conjugal. De modo que o significado deste verso é que Krishna inspira aqueles que estão numa relação conjugal, a vir a Ele, vendo-O como amante, upapati. E como é que eles vêm até Ele? Ele os inspira a vir até Ele sem nenhuma consideração pelas exigências sociais ou escrituras. E, assim inspiradas internamente por Ele, atravessando a linha das normas sociais e escriturais e até mesmo fraudando seus próprios esposos, as gopis se unem a Krishna numa relação conjugal de amantes (parakiya).

...

Capítulo 11 - O Bhagavad-Gita Subjetivo

Do Livro "Evolução Subjetiva da Consciência" de Srila B.R. Sridhara Maharaja
 
tesham satata-yuktanam, bhajatam priti-purvakam
dadami buddhi-yogam tam, yena mam upayanti te
             (Bg. 10.10)

     "Àqueles que constantemente Me adoram com devoção. Eu concedo a inteligência com a qual podem vir a Mim"
     Este é o signifacado comum deste verso. Mas há um significado mais profundo. Aqui, Krishna diz, "Aquelas pessoas que estão continuamente ocupadas coMigo sem interrupão (satata-yuktanam), que estão sempre em Mim, que estão conectadas coMigo, que Me servem com suas orações plenas de grande amor e respeito, dadami budhi-yogam tam, Eu as inspiro dando-lhes a inteligência com a qual virão a Mim. Elas virão a Mim numa conexão íntima." Mas eu vejo que isso é redundante. Krishna já disse satata-yuktanam, "Sua devoção é contínua. Estão sempre conectados a Mim." Se já estão conectados a Krishna, então, precisamos perguntar, por que Ele diria isso novamente, "Eles virão a Mim"?



     Krishna já disse que esses devotos falam apenas d'Ele, pensam somente n'Ele, sentem prazer somente com Ele e estão sempre ocupados em Seu serviço. Ele diz: "Estão sempre conectados coMigo sem interrupção e Me servem com amor sincero".  Já estão servindo com amor sincero e, então, Krishna diz: "Eu lhes darei a inspiração pela qual poderão vir a Mim" (mam upayanti te). Isto é redundante. Já foi dito que eles estão conectados a Krishna. Como é que, novamente, "eles virão a Mim"? Como é que se pode harmonizar essa afirmativa de Krishna. "Eles virão a Mim"? Então, eu encontrei um significado mais profundo para as palavras mam upayanti te. Eu tomei a palavra upayanti, que comumente significa "eles vem", para indicar upapati, ou "amante". Assim upayanti, "Eles vem a Mim", significa que eles consideram Krishna como upapati, como um amante.
     Na socidade, existe o esposo legal, ou pati. e existe o amante ou upapati. As gopis não consideram Krishna como seu esposo legalmente casado, mas como o mestre, como o Senhor de seus corações.
       
                                                            (continuará)



Tese, Antítese e Síntese

Do livro "Evolução Subjetiva da Consciência - cap. 6 do mesmo nome que o título" de Srila Sridhar Maharaja



     A criação tem uma natureza diversificada. A experiência de nossos olhos e ouvidos difere da experiência de outros, cujos sentidos são diferentes dos nossos. Podemos ouvir o que outros, não podem. Mas nossos ouvidos não podem detectar infra-sons ou ultra-sons; podem detectar apenas um espectro de um som limitado. Nossa visão também é limitada. Não podemos ver luz infravermelha ou ultravioleta. Nosso sentido do tato é sensível a um grau extremamente limitado. Então as realidades coexistem. A realidade ajusta-se conforme nossa própria experiência. Algo parece frio para mim. Esse mesmo algo é quente para outro. Dessa maneira, é "quente" ou "frio" conforme nossa experiência subjetiva. E é assim que "nossa realidade" existirá. Portanto, o que é percebido pela mente não é imaginação. É realidade. O que é imaginação para mim é realidade para outro. O nascer e o pôr do Sol podem ser percebidos simultaneamente de dois pontos de vista. Todas as experiências coexitem em toda Criação.
     Pela vontade do Senhor Supremo, o que agora sente como sendo frio pode facilmente sentir como muito quente. Pela vontade dEle tudo é possível - tudo depende dela. Ele é a causa última. Se Deus assim o desejar, aquilo que você considera intoleravelmente quente, no instante seguinte, você será forçado a sentir intoleravelmente frio. Tudo depende de Sua vontade, que está vindo aqui seja numa forma modificada, numa forma geral ou em forma especial, segundo Seus caprichos. É assim que pode existir uma gradação quanto ao modo como Ele manifesta a Sua vontade. Mas, a vontade dEle é a causa primordial de tudo e se encontra acima da lei. Temos que ser conscientes disso. Só então, poderemos ser capazes de explicar qualquer coisa.

 
 

Bhagavad-Gita 9.30-31

9.30 - Ao abandonar todos os objetos não devocionais da exploração e da renúncia e ocupar-se em Meu exclusivo e ininterrupto serviço devocional, até mesmo uma pessoa de práticas abomináveis torna-se venerável como um verdadeiro santo por ter abraçado o revolucionário plano da vida

9.31- Mesmo sendo muito degradada, tal pessoa logo decora-se com práticas virtuosas e obtém a eterna tranquilidade. Ó filho de Kunti; declare e proclame: Meu devoto nunca perece.